terça-feira, 30 de setembro de 2008

Para quem procura uma boa música


sábado, 27 de setembro de 2008

História, Política e Religião


A religião sempre foi usada como instrumento demagógico, em vários momentos históricos e por todas as civilizações. Vejamos alguns exemplos:
As civilizações antigas, como os egípcios, por exemplo, acreditavam na divindade do Faraó, que por conseguinte, se prevalecia desta crença para centralizar o poder em suas mãos (teocracia). Desobedecer ao Faraó significava um pecado gravíssimo contra Amon-Rá.
Na História Clássica, a mitologia era sincrética com a administração dos impérios grego e romano. Os deuses protegiam, ajudavam e puniam os que se rebelassem contra o governo.
O Absolutismo, na Era Moderna foi justificado também pela Teoria do Direito Divino. O rei era colocado por Deus para administrar o povo.
Em pleno século XXI, existem muitas sociedades que ainda norteiam sua política em bases religiosas, não importando qual filosofia, para fins de manter a sociedade sob controle.

terça-feira, 23 de setembro de 2008


A Crise das Bolsas e os Ciclos da Especulação


É tão certo que a luz do sol segue a luz da lua como é certo que a um período de alta especulativa na bolsa de valores segue um período de baixa e, eventualmente, de quebras. A bolsa é um típico sistema especulativo que descreve um padrão caótico pelo qual ciclos de alta terminam erraticamente em ciclos de baixa, que por sua vez iniciam novos ciclos de alta. Pessoas que participam desse jogo, com diferentes graus de informação, se entregam, em último caso, ao acaso. Seus lances no curto prazo são, em geral, governados pela sorte.
Não se pode dizer que a crise que acaba de ser iniciada das bolsas mundiais estivesse prevista. É que o conceito de previsão exige uma datação. Obviamente, qualquer um que tenha acompanhado os movimentos especulativos recentes da economia mundial e, particularmente, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, estava em condições de especular sobre uma crise próxima do mercado de risco. Ninguém, porém, poderia precisar exatamente quando. Quem por acaso previu caiu fora, com algum dinheiro.
A bolsa é uma instituição típica do capitalismo, mas se tornou inteiramente disfuncional nos tempos atuais. Virou um cassino. Ela já tinha essa característica na origem, e, por isso, sempre atraiu jogadores. Contudo, depois do capitalismo maduro praticamente não existe captação de capital em bolsa para investimentos produtivos de monta. As grandes corporações usam seus próprios fluxos de caixa para financiar 70% dos seus investimentos, tomam emprestado dos bancos 20% e captam apenas 10% no mercado primário de ações. Assim, a bolsa se apresenta, hoje, como uma espécie de mamilos do homem: não tem função real na economia, e muito menos valor estético.
O que mantém o mito da importância das bolsas são as intrincadas relações que se travam através dela. Por mais que a caderneta de poupança ou um título do tesouro sejam um investimento seguro, porque gozam da garantia do Estado, o mercado acionário sempre exercerá algum fascínio maior sobre a mente dos que querem dar grandes tacadas. Se este fosse um impulso apenas dos especuladores profissionais não haveria grande problema. Mas haverá sempre quem convencerá a velhinha de Taubaté a colocar o dinheiro que lhe deixou o querido morto num lugar mais rentável que a caderneta, apesar do risco.
Forma-se, assim, uma espécie de rede em torno da bolsa, pela qual especuladores de primeira ordem atraem como parceiros (ou vítimas) especuladores de segunda e de terceira ordem. Além disso, a especulação com ações pode representar para muitos uma fonte de renda, e não apenas um jogo patrimonial. Em conseqüência, diferentemente de um cassino comum, o mercado acionário liga-se marginalmente ao mercado produtivo, através do circuito de renda. Por essa razão, a quebra de bolsa, em última instância, pode acabar afetando a economia real, não obstante sua pífia contribuição para ela em tempos normais.
Mas a bolsa funciona sobretudo como um símbolo ideológico nas relações capitalistas. O que leva um executivo de estatal como a Petrobrás a cumprir todo um rito de passagem para colocar as ações da empresa no mercado acionário de Nova Iorque? Por certo não é a necessidade de captação de recursos de risco em dólar, pois a Petrobrás sempre teve um grande poder de alavancagem de empréstimos. Contudo, dá status a seus executivos ver as ações da empresa negociadas em Nova Iorque. E isso, aparentemente, favorece também, de forma indireta, a captação de recursos junto aos bancos.
Contudo, um banco de investimento que mede a credibilidade da Petrobrás pelo comportamento de suas ações do mercado não é conceitualmente diferente da velhinha de Taubaté que compra ações no mercado acionário confiada em que vão valorizar sempre. É que o mercado é essencialmente aleatório. Hoje sobe, amanhã cai. E não há uma regra determinística dizendo quando ele sobe e quando cai. Isso não impede, porém, que se crie toda uma fantasia em torno da performance das ações, com a busca de um determinante de seu comportamento na economia real como âncora das chamadas expectativas racionais.
Acabo de ler um artigo de Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti sustentando que a economia brasileira corre sério risco de credibilidade junto aos mercados externos porque o Governo não cortou suficientemente os gastos públicos. Isso é o cerne do receituário de uma política fracassada, dominada por charlatães neoliberais, produtores da maior crise de desemprego de nossa história. Com a iminência de reflexos sobre nós da crise das bolsas, invocam desculpas esfarrapadas, quando o absurdo é o de não nos termos protegido contra a especulação externa, controlando os fluxos de capital especulativo.


J. Carlos de Assis.Economista e Professor.