sábado, 18 de agosto de 2012

NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR

A “guerra particular” a que o título se refere, extraído de uma frase do ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel, é o combate sem trégua entre policiais e traficantes nas favelas cariocas. O filme, realizado sob encomenda da TV francesa, causou impacto na época em que foi lançado por permitir que o espectador do asfalto tivesse acesso ao que se passa no morro sem a abordagem sensacionalista e maniqueísta oferecida pelos veículos de imprensa. Katia e João ouviram do já citado capitão do BOPE ao gerente de tráfico do Morro Dona Marta, Adriano. Depoimentos como o de Gordo, um dos fundadores do Comando Vermelho, de Paulo Lins (em sua primeira entrevista, muito antes do sucesso de Cidade de Deus) e do chefe da Polícia Civil, Helio Luz, traçam um histórico do desenvolvimento do tráfico nas favelas e como ele se encaminhava rumo à barbárie que vemos nos dias de hoje.

Embora algumas das imagens (muitas de arquivo de TVs ou emprestadas de outros documentários) impressionem, como a do jovem soldado do morro apresentando sua farta artilharia, ou a do confronto entre policiais e traficantes à luz do dia, é nos depoimentos que reside a força de Notícias de Uma Guerra Particular, e que infelizmente nos faz perceber, seis anos depois, que não é com atitudes desesperadas tipo blindar o carro ou defender o porte de armas que vamos viver num Rio de Janeiro mais seguro.

Os extras do DVD incluem a ótima faixa de comentário, em que é possível rever o filme e entender a estrutura e os bastidores do documentário com Katia Lund e João Moreira Salles respondendo as perguntas inteligentes do cineasta Eduardo Coutinho e do nosso companheiro de Críticos.com.br, Carlos Alberto Mattos. Estão presentes também a íntegra de algumas entrevistas realizadas para o filme, inclusive a do General Nilton Cerqueira (que ficou de fora), com destaque absoluto para a do músico, “filósofo” e morador da favela Adão Xalebaradã, que virou até tema de curta-metragem do irmão de João, Walter Salles.

Como se isso tudo não bastasse, o filé mignon vem agora: o DVD traz também o documentário Santa Marta: Duas Semanas no Morro, de Eduardo Coutinho, rodado em 1987. Comparando os dois filmes (que têm um intervalo de 11 anos) e os dias de hoje, é assustador ver como a situação se deteriorou. O vídeo de Coutinho deixa muito claro como a força que o tráfico adquiriu nos dias de hoje se deve, em grande parte, à deterioração da relação entre a polícia e os moradores da favela. Se há quase 20 anos, como mostram os depoimentos dos favelados, a polícia já cometia todo tipo de abuso contra os moradores do morro, não é de se estranhar que ao longo desse tempo os traficantes tenham assumido o papel de “defensores da comunidade”, e essa evolução está bem clara nos dois documentários.

Ao mostrar o cotidiano dos moradores da favela, Santa Marta: Duas Semanas no Morro nos revela um período em que quase não se falava da presença de traficantes e “chefes do morro”, como se eles simplesmente não existissem. O foco das reclamações dos moradores estava no tratamento ruim que eles recebiam da polícia em suas incursões ao morro e também na esperança de um futuro em que as desigualdades entre a favela e o asfalto fossem um pouco menores. Um jovem franzino de olho meio puxado elogiava as meninas do morro, mais “liberais”, e reclamava que gostaria de ser desenhista profissional “caso as universidades dessem chance aos pobres”. Este mesmo jovem se transformaria alguns anos depois em Marcinho VP, chefe do tráfico do Dona Marta, e foi com ele que João Moreira Salles conversou e pediu autorização para poder rodar Notícias de Uma Guerra Particular. Acreditando que Marcinho ainda poderia se regenerar e voltar a ser aquele de 1987, lhe ofereceu uma bolsa mensal para que ele escrevesse um livro e largasse o tráfico. O livro nunca foi escrito, Marcinho foi preso e em 2003 foi encontrado morto dentro de uma lixeira no presídio de Bangu 3, onde cumpria pena.

13 comentários:

Matheus Luiz disse...

Bom para melhoria da sociedade em relação a violência, teria que melhorar mais a educação para que estimulasse jovens a estudar e não entrarem pra vida do crime como podemos ver no documentário , para se sentirem como o ‘’tal’’ porque portam armas, poderia melhorar o governo brasileiro fazem medidas para que resolvessem uma parte desses problemas do crime e menos políticos que roubam absurdamente e melhorar um pouco mais na segurança do estado para que houvesse menos violência na Rio de Janeiro e em qualquer estado do Brasil.

Matheus Luiz 2º MCT-A1

Unknown disse...

Com todas as situações retratadas, muitas o próprio sistema(o governo) falha em diversas atitudes, como a repressão de forma agressiva. Mas eles fazem isso com o intuito de oprimir os moradores e fazer com que os respeitem. E por que, a polícia tem essa atitude: falha do governo, que não implementava um sistema de moradias, ou pacificação(que vieram a ser efetivados a pouco tempo).
Oportunidades tem que ser dadas a todos, de certa forma existem muitas formas de se melhorar a educação das crianças e adolescentes da favela, e poderem mudar o pensamento delas, para mudar seus comportamentos e não seguirem o tráfico.

Mateus Prearo 2ºmct-a1

Gustavo Borges disse...

Em prol da sociedade, devemos nos policiar em atitudes para que a população veja a diferença em nós.
A polícia não é errada em prender, bater e mostrar o certo. Nem mesmo os menores infratores em roubar e fazer o que fazem pois a política não estabelece um conforto para essas pessoas e a única providência que eles tem para obter lucro é essa.
O governo deveria implantar mais projetos, trabalhos, cursos nas comunidades, para atrair a atenção desses menores.
Não acho que tenha mais jeito acabar com o tráfico, roubos, mortes por dinheiro porém se prevenirmos vamos ter um país um pouco melhor.

Gustavo Borges 2ªMCT-A1

iago lapas disse...

Para que haja uma melhoria da sociedade, para acabar com a violência( não acabar mas sim melhorar, para que haja um reajuste), se deve investir mais na educação desde que quando um bebe nasce ate que se forme na faculdade, para dar condições que estas crianças tenham um futuro digno como nós que temos uma base escolar corremos atrás, pois creio que estes traficantes, ladrões e bandidos não tem como voltar atrás para estudar e crescer no mundo social.
O Rio de Janeiro deu um passo para frente com a implantação da UPP(Unidade de Policia Pacificadora) mas devemos que explorar mais as vontades de ser um carioca e ir para frente com nossa alta estima, alegria e força de vontade

Iago lapas 2°MCT-A1

Unknown disse...

Com todas as coisas retratadas a cima, o próprio governo tem culpa, pois ao invés de chegar nas comunidades reprimindo as pessoas de forma agressiva, deveriam fazer algo que os moradores passem a respeita-lo, o governo deveria implementar mais trabalhos, esportes, coisas para que os jovens não entrem na vida do tráfico. Temos que fazer alguma coisa, pois os jovens de hoje, serão o futuro do brasil amanha !

Allan Marx 2°MCT-A1

Dudu disse...

Só existem duas alternativas para a solução desses confrontos entre a polícia e os traficantes, no Rio de Janeiro: Acabar com os traficantes de uma vez ou ambos entrarem em um acordo. Como isso não será possível, o que resta é amenizar as coisas para que um dia, quem sabe, esse confronto tenha um fim. O principal papel nessa história é o do Governo, que deve estabelecer um grande investimento nas áreas carentes do nosso estado, como a educação. A maioria dos traficantes, bandidos, entram para essa vida por falta de opção, ou até mesmo por questão de sobrevivência, coisa que não aconteceria se tivéssemos uma boa base de educação. Isso é apenas um dos principais exemplos de falta de estrutura que contribui com o crescimento do tráfico. Desde as primeiras implantações das unidades de polícia pacificadora (UPP) para cá, podemos dizer que houve melhoras, e a esperança de nós é que essas melhoras sejam aprimoradas e concretizadas.

José Eduardo - 2° MCT - A1

Unknown disse...

Em benefício da sociedade, o governo deve melhorar a educação, intensificar os projetos sociais para que as crianças não sigam no tráfico, desarmar a sociedade para evitar mortes desnecessárias (processo em andamento), punir policiais corruptos que incentivam a criminalidade, implementar UPPs nas favelas, mas coibindo a ação dos criminosos fora delas.
Diego Rocha 2MCT-A1

Unknown disse...

Em minha opinião a questão de trafico , violência ,etc, é uma questão muito complicada de ser abordada pois existem muitos temas dentro de um só(drogas , abandono, violência).
Mas entre medidas acho que podemos citar como principal o maior investimento em educação, pois e a base de tudo! Também o reforço do policiamento nas ruas e uma medida um pouco arriscada mas que poderia ser tomada provisoriamente , a liberação de certas drogas , a continuação dos projetos de UPPs que aparentemente vem dando certo.

Pedro Henrique 2° MCT - A1

Gabriel Vazzoler disse...

Para solucionar os problemas apresentados no documentário Notícias de uma guerra particular. O governo teria que investir mais em educação, pois educação é a base de tudo. E o fim do apartheid social apresentado nele.

Gabriel Vazzoler disse...

Gabriel Reis 2° MCT A1

Nathan disse...

Bem em minha opinião para solucionar os problemas do Rio de Janeiro devemos analisar três casos como: Mais policiais na rua com melhores condições de trabalho (aumento de salário, mais viaturas, equipamentos) a quem arisca a vida por nós; mais oportunidade de ensino as classes baixas desde jovens, com instalação de novas escolas públicas; e mais oportunidade de emprego para pessoas de comunidade e pessoas que não tiveram chance de estudo.

Nathan Maurício 2º MCT A1

Gabriel R. disse...

O filme com uma data tão distante e ainda mostra tanto de nossa sociedade,este documentário veio para demonstrar que anos se passaram,e sabe o que mudou? Nada ! Governantes não investiram na segurança,muito menos em nossa educação. Para se solucionar este problema,deve-se abrir mais vagas de empregos e industria BRASILEIRAS. Chega à ser redundante isto que escrevo,muitos já disseram isto,mas veja,mesmo "todos" dizendo a mesma coisa,nada muda,tudo continua igual.

Gabriel Ribeiro Marques Serpa - 2 ° MCT-A1

Unknown disse...

Baixar o Documentário - Notícias de um Guerra Particular - http://mcaf.ee/d5rae